É muito comum ouvirmos a expressão em nossas igrejas, dizendo que não devemos julgar ninguém. Tal afirmação encontra respaldo em passagens da Bíblia presentes nos Evangelhos de Mateus e Lucas.[1] que
diz assim: “Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da
mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e à medida que usarem, também
será usada para medir vocês”. Mas a pergunta que fica é a seguinte: Este texto se aplica a todo tipo de julgamento, ou apenas a um caso específico?"
Hoje em dia, nos deparamos com apóstolos(as), bispos(as), pastores(as), cantores(as), líderes religiosos, entre outros, que agem conforme suas vontades e utilizam o Evangelho a seu bel-prazer. Estão imunes a qualquer tipo de questionamento ou acusação, meramente por se basearem nos textos citados para benefício próprio.
E o
que a Igreja tem feito em relação a isso tudo? Qual é o papel do Cristão que
verdadeiramente se espelha na Bíblia e na Sã doutrina para vencer essa adversidade?
Será que temos combatido as heresias pregadas em nossos púlpitos ou será que
temos sucumbido aos ataques heréticos destes “Crentes” que se autodenominam
“fervorosos” e “cheios da unção”?
Confesso
que ando um pouco preocupado com este tema, pois sempre que converso com alguns
líderes, inclusive Pastores a respeito deste assunto, muitos se esquivam
(quando não defendem) e outros até acham melhor não tocar no assunto, pois os
mesmos segundo eles são “Irmãos em Cristo” então não podem critica-los, e para
piorar usam um Texto que se encontra no Evangelho de Marcos [2] para dizerem que quem não é contra nós é
por nós.
Mas
é com base nas afirmações acima citadas, que estou elaborando esse estudo para
discutirmos um pouco a respeito e refletir acerca do que Jesus e seus Apóstolos
nos deixaram para ensinar e nos alertar contra falsos Profetas e Apóstolos
1 –
UMA EXPLANAÇÃO RÁPIDA A LUZ DAS ESCRITURAS SAGRADAS A RESPEITO DOS TEXTOS DE
MATEUS 7.1 E LUCAS 6.37.
Amados
irmãos, este é um dos textos mais abusados em toda bíblia, mais antes de
começarmos a expor e estudar o texto devemos entender o seu contexto histórico
e qual seria o Propósito de Cristo em anuncia-lo, estamos falando de uma das
passagens mais famosas de Cristo, ou seja, o Sermão do monte.
Se
estudarmos os evangelhos cronologicamente vemos que Jesus já havia falado a
respeito do crente com a lei de Deus, com a piedade pessoal, e os bens
terrenos, Cristo ainda precisava abordar a questão dos nossos relacionamentos
interpessoais, visto que o Cristianismo não era individualista e sim
comunitário.
Vemos
nessa passagem um claro ensinamento de como “devemos ordenar
corretamente nossas palavras quando são dirigidas tanto ao homem quanto a
Deus”. [3] Porém não é esse
ensinamento que temos visto porem em práticas por ai, como eu já havia mostrado
anteriormente é muito comum as pessoas usarem esse texto erroneamente dizendo
frases como essas: “Não julgueis para não serdes julgados!” É muito
comum ouvirmos também a seguinte expressão: “Eu não admito que ninguém me
critique! Eu não admito que ninguém me julgue! Quem é Fulano? Quem é Beltrano?
Quem é Sicrano? Eles pecam muito mais do que eu!” [4] .
Esta
claro que não devemos expor um único versículo e torna-lo como doutrina ou
usa-lo em contextos diferentes da qual ele foi destinado, é preciso
minuciosamente examinar o texto que lemos pesquisarmos coerentemente a quem foi
destinado, quem era o público alvo, a cultura daquele público o contexto
político vivido por esse público e tentar obter o máximo de informações
possíveis a cerca do fato histórico, é lógico que Jesus não estava proibindo
todo o tipo de julgamento, O julgamento estritamente proibido pelo Senhor Jesus
é o julgamento hipercrítico. A razão da
afirmação de Cristo no versículo 1 está no versículo seguinte: “Pois,
com o critério que julgardes, sereis julgados; e, com a medida que tiverdes
medido, vos medirão também” (v. 2). O que Jesus está condenando aqui, irmãos, é
o “espírito de censura, o juízo áspero, a autojustificação em detrimento de
outros, e isso sem misericórdia, sem amor” [5]. É
o espírito farisaico brilhantemente ilustrado na parábola do fariseu e do
publicano. (Lucas 18.9-14).
2
– DEVEMOS JULGAR TODAS AS COISAS (I Co 2.15-16)
As
Escrituras é bem clara ao afirmar que o homem espiritual discerne as coisas
espiritualmente: “Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas
o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem
dado gratuitamente. Delas também falamos, não com palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito, interpretando
verdades espirituais para os que são espirituais” [6], porém não
é bem isso que temos visto por ai, vemos a banalização do Evangelho de Cristo
em púlpitos de Igrejas de variadas denominações inclusive as chamadas
tradicionais onde vemos lideres mais preocupados em entreter sua plateia do
que realmente pregar o verdadeiro evangelho que salva e redime o homem;
|
Analisando
as cartas paulinas podemos entender que a Igreja de Corinto era uma das mais
problemáticas, Paulo visitou Corinto pela primeira vez durante sua segunda
viagem missionária [7] e por
ali permaneceu um ano e meio, nesse período muitos se converteram ao Senhor e
ali começou uma Igreja. A cidade de Corinto se localizava no litoral da Grécia
e sofria forte influência da filosofia grega, do Gnosticismo e também de
tradições judaicas, pois havia alguns judeus convertidos ou “convencidos”
naquele local. Um dos motivos que levou o Apóstolo Paulo a endereçar uma carta
aos Corintos foram justamente os partidarismos que começou a existir dentro da
Igreja local, não muito diferente do que ocorre hoje, o fato é que essa divisão
foi ocasionada mediante a sabedoria humana, Paulo chega a usar as escrituras
para ensinar a Igreja: "Aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor”. [8]
Paulo
foi enfático em exortar a Igreja, não devemos permitir que em nossas Igrejas a
sabedoria ensinada por homens sobrepunha à sabedoria vinda do alto, Deus nos
deu um Espírito de discernimento onde vamos poder julgar se os ensinamentos
ensinados em nossos púlpitos têm bases nas Escrituras ou se são fábulas
inventadas por mentes fraudulentas e perversas, devemos julgar sim, aquele que
sorrateiramente usa a Bíblia para ludibriar multidões visando interesse
próprio, devemos julgar sim aquele centraliza a adoração ao homem natural
quando realmente o adorado deveria ser o Cristo autor e consumador da nossa Fé,
vamos acordar e rever os nossos conceitos.
Não é de hoje que existe ensinos falsos dentro da Igreja de Cristo, Jesus
combateu a todo ensino contrário as Leis de Deus ensinado em seus tempos, os
Apóstolos também tiveram bastantes problemas como foi mencionado anteriormente,
mais essa nossa geração Cristã é com toda certeza a mais acomodada de toda
história nunca vi uma geração como essa, que canta e “louva” muito, porém
praticamente “Analfabeta” em relação ao Estudo Bíblico.
3
– DEVEMOS JULGAR AQUELES QUE PREGAM FALSOS EVANGELHOS, FALSOS CRISTOS E
FALSOS ESPÍRITOS (II Co 11.1-6).
É comum ligarmos nossos aparelhos de TV e quando mudamos de canal em horário nobre nos depararmos com dois ou três programas evangélicos em emissoras de TV aberta distintas, e o que chama atenção é que as programações se baseiam em sinais, milagres e maravilhas, e para piorar sempre vão surgindo novos apóstolos e profetas prometendo até fazer cair chuva de bênçãos sobre a vida dos Fieis, inclusive as opiniões dessas novas “seitas” evangélicas divergem muito, pois não há uma doutrina fixa, mais nada que o Senhor Jesus Cristo não tivesse falado: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, que realizarão grandes sinais e milagres, a tal ponto que, se fosse possível, enganariam até os escolhidos.”. [9] |
Nós
precisamos tratar esse assunto com muita seriedade, Falsos Cristos, Falsos
Profetas e realizações de grandes sinais e milagres não eram
restrito apenas a Igreja primitiva, hoje nos deparamos com problemas
semelhantes aos problemas enfrentados pelos Cristãos primitivos, a diferença
é que eles não tinham uma doutrina clara a respeito do Evangelho hoje nós
temos.
A
segunda Epistola do Apostolo Paulo a Igreja de Corinto vem tratando exatamente
essa questão que estamos discutindo nesse estudo a respeito da pregação de um
novo evangelho, Ele segue alertando a Igreja: “Mas temo que, assim como a
serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte
corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em
Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos
pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho
que não abraçastes, com razão o sofreríeis.” [10].
Um falso profeta relativiza as Escrituras, Um falso profeta fala mais em dinheiro do que em Cristo. Um falso profeta comercializa o evangelho e vende as bênçãos de Deus mediante ofertas extravagantes, Um falso profeta anuncia, prega e proclama um evangelho absolutamente antropocêntrico, Um falso profeta interpreta as Escrituras segundo a ótica do seu "próprio umbigo" relativizando o absoluto e inventando doutrinas segundo os desejos de seu coração, Um falso profeta prega o evangelho da confissão positiva, negando a possibilidade do sofrimento, e anunciando um cristianismo desprovido da cruz, Um falso profeta tem sede de poder, vive pelo poder e ama o poder, Um falso profeta fala de Cristo, entretanto o nega, prega sobre Cristo, mas não o conhece, fala em nome do Espírito Santo, sem, contudo ter sido regenerado por ele. [11]. |
4
– DEVEMOS JULGAR SEGUNDO A RETA JUSTIÇA (JO 7.24)
Agora vamos tratar de uma passagem registrada no Evangelho de João usada pelo próprio Cristo a respeito de julgamentos, Jesus mais do que ninguém foi alvo das mais variadas acusações, inclusive acusações de ser um falso profeta e por muita das vezes ser chamado de herege, Ele viveu em uma sociedade totalmente voltada para religiosidade, uma sociedade que esperava um Messias que libertaria aquele povo de toda sorte de julgo, que seria um Rei, Libertador e abençoador. Jesus sabia que enfrentaria um povo de coração petrificado, um povo que esperava um Reino não dos céus mais um Reino desse mundo. |
Essa Passagem é conhecida por muitos por haver a controvérsia entre Jesus e os Judeus, aqueles homens ficaram maravilhados pelo ensino e pregação que Jesus ministrava entre Eles, começaram então a interroga-lo afim de achar nele algum erro ou engano, mais Jesus sabiamente disse aqueles homens que não falava de si mesmo e sim de Deus e eles vendo tudo aquilo que Jesus ia ensinando começaram a afirmar que Jesus tinha demônio pois segunda a visão religiosa e equivocada deles Jesus não guardava a Lei de Moisés, Jesus entendo a malicia deles lhes disse: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” [12].
O
Curioso é que Jesus poderia ter usado a mesma citação feita em Mateus 7.1 mais
por que ele não fez isso? Por que Ele não se esquivou assim como os nossos
super profetas fazem nos dias de hoje? Até por que Jesus estava totalmente
contra o sistema religioso dos Judeus de certa forma Ele é que estava trazendo
“novas Doutrinas” segundo os fariseus que não cansavam de o questionar. Mais o
fato é que esse texto que usamos agora tem um contexto completamente diferente
do usado em Mateus e Lucas, os fariseus estavam acusando Jesus de Blasfêmia e
tantas outras coisas mais, porém Jesus nos trouxe essa orientação através dessa
passagem que devemos julgar sim, não segundo a aparência como os judeus faziam
e sim segundo a reta Justiça.
Finalizando
esse tópico quero deixar claro que quando falo a respeito de algum Cantor
Gospel que esteja bombando na mídia ou sobre um Líder de algum movimento
Evangélico que esteja em evidência em nosso meio, não estou julgando ou
questionando seus pecados, afinal quem sou eu para fazê-lo? também não escrevo
porque simplesmente não fui com a cara e o estilo de Fulano ou Sicrâno, A
Bíblia nos ensina a não fazer acepção de pessoas, esse estudo é para que nós
realmente venhamos a julgar todas as coisas segundo a reta justiçã, não
deixando que pessoas falsas usem o Evangelho de forma errada.
5
– CONCLUSÃO: ADVERTÊNCIA CONTRA FALSOS PROFETAS (I JO 4.1)
Concluindo esse estudo vamos analisar a primeira epístola do apostolo João, Ele declara ter escrito a carta para dar garantia da vida eterna àqueles que Creem no nome do Filho de Deus, poderíamos estar nos perguntando por que motivo a igreja daquele tempo tinha incertezas acerca da vida eterna, sendo que o Testemunho de Cristo era pregado tão veemente naquela época?A incerteza daquela Igreja sobre sua condição espiritual foi causada por um conflito desordenado com os mestre de uma falsa doutrina. João refere-se ao ensinamento como enganosos e aos mestre como “falsos profetas”, mentirosos e anticristos, Eles um dia tinha estado com a igreja, mas tinha se afastado e tinha se “levantado no mundo” para propagar sua perigosa heresia. [13]. Não é muito diferente do que temos hoje em dia, a Igreja Evangélica esta se perdendo em suas doutrinas humanas, cada um crê do seu modo, acrescentando doutrinas a seu bel prazer e quando é questionada segundo os ensinamentos de Cristo fica sem saber o que responder, mais costumo dizer que a culpa disso tudo é nossa, pois não estamos fazendo o nosso dever de casa, não estamos ensinando e nem muito menos combatendo as heresias ensinadas por ai, bem que o Apóstolo João nos avisou: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” [14]. Será que temos dado ouvidos? Pelo visto acho que não.
Esse estudo foi elaborado para trazer conhecimento a cerca de que devemos ou
não julgar, espero que sirva para a edificação do corpo de Cristo e não para
desunião ou qualquer tipo de partidarismo que divida a Igreja, vale lembrar
que o nosso compromisso é com a Pregação do Evangelho, que cada vez mais
Cristo coloque em nossos corações o desejo de servi-lo fielmente através de
sua Palavra, que Deus abençoe a cada um que leu esse material, que Deus possa
nos inspirar para novos estudos e novas Pregações, Amém.
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Por Antônio Júnior
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